SAUDADE DO MARÇAL
Em 1972 tive o privilégio e a rara felicidade de conhecer o advogado, criminalista, professor, poeta, músico, orador inflamado - algumas de suas facetas e exemplos de marcante personalidade - uma das grandes inteligências do século XX.
Seu coração era generoso, magnânimo. Ajudava a todos, com prazer, presteza e profundo afeto. Não direi que fosse solitário, mas desesperava-se em momentos de melancolia, de nostálgico pensar.
Boêmio inveterado, apaixonado pelo viver e pela noite sombria (triste e melancólica noite de estrelas, doce e orvalhada noite!), esqueceu-se da saúde e partiu prematuramente. Deixando amarguras e amores, foi ao encontro do Amor Maior. Desligou-se do mundo para alcançar a bem-aventurança e a Eternidade.
Tinha muitos grupos de amigos, e um desses grupos era assim formado: Ildeu, Leitinho, Robério e eu. Sempre dele nos lembramos, com um misto de mágoa e profundo sentimento, mágoa da partida e sentimento de recordações.
Encontrávamos em seu sítio, quando revelava amplamente a sua face seresteira, de violonista, declamante de poemas, entoador das mais lindas canções.
Lembramo-nos, a propósito, de Drummond: "Que cavaleiro andará por aí, na noite, sobraçando petições e estrofes, brigando com os ventos, defensor quixotesco do direito dos pobres? A um clarão reconheço-o". É Marçal, é o poeta, é o homem, é a saudade dele entre nós...
*ALFREDO CAMPOS PIMENTA
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