Apenas o silêncio frio
A desolação e o vazio
Compõem a paisagem sombria
Sob teus olhos
De onde afloram
As incontidas lágrimas sinceras
E as palavras de fé
Os gestos puros e a calidez
De suaves e longas noites
De integração e de sonho.
Se o espírito se perdeu
E se as formas se perderam
Na espectral derrocada
Das razões do ser e do não ser
Na avidez do pó
Por entre os carvalhos tombados
E as pedras que estranhas
Que inelutáveis forças
Jazerão à espera do momento?
A renúncia te espera: anda
Levanta a fronte entristecida
Pela hora obscura
Ergue os olhos e verás
Refletido no céu que ainda existe
E paira inefável e azul
Sobre os campos da morte
O gérmen da verdade e da razão
Que um dia, angustiado e feliz
Lancei sobre o caos!
E com os olhos reguei
Com o sangue fecundei
Na milenar vigília dos poetas
Dos santos e dos herois.