BALADA

Tu não vês estes prados verdejantes
E estes céus de azul resplandecente?
Tu não vês nas colinas mais distantes
O sangüíneo crepúsculo incandescente?
Tu não vês a riscar o espaço, arfantes
Estas aves que fogem do poente?
Eu pintei, para ti, tanta beleza
No divino painel da natureza!

Quantos sonhos sonhei à tua espera!
Na saudade inspirei este poema
Suspirei no poema a primavera
Dessas flores eu fiz este diadema
Meu diadema de flores de quimera
Da quimera tirei o ardente tema
E pintei, para ti, tanta beleza
No divino painel da natureza!

Eu tirei a luz verde da esperança
Do teu último olhar de despedida
E espalhei pela mata que se entrança
Espalhei pela relva ressequida
Eu busquei nos teus lábios de criança
A aquarela de amor, de luz, de vida
Pra pintar, para ti, tanta beleza
No divino painel da natureza!

Da grandeza do amor eu fiz o espaço
E este mundo de estrelas que gravita
Encontrei no calor do teu abraço
Este cálido sol de luz bendita
Procurei no mais lindo e leve traço
Colorir esta abóboda infinita
Ao pintar, para ti, tanta beleza
No divino painel da natureza!

Cada estrela que vês no firmamento
É uma gota sincera de saudade
Cada nuvem levada pelo vento
É um sonho que traz felicidade
Vem querida, vem, traz teu sentimento
Vem viver neste mundo a mocidade
Vem pintar teu amor, tua beleza
No divino painel da natureza!